Confesso que eu tinha sim a intenção de falar apenas sobre livros que eu já li por aqui. Não estamos falando de um livro, mas de um texto, escrito por Nathalia Ziemkiewicz, autora do blog Na Pimentaria.
O post está disponível neste link.
Eu cheguei hoje do trabalho, cansada como sempre, com minha filha também cansada de um dia inteiro na escola, e estava na sacada tomando um ar quando, por acaso, me deparei com este texto, compartilhado por alguém no facebook. Comecei a ler, e tive que me esconder para chorar sem minha pequena ver e me encher de perguntas. Sou do tipo de mãe que tenta não passar nenhum tipo de tristeza para a filha, mesmo sendo super consciente de que o mundo é triste. Simplesmente acho que ela não precisa saber disso ainda... Eu sei que ela vai aprender isso, de uma forma ou de outra, então, enquanto eu puder postergar isso, eu tento fazê-lo.
Eu já estava com a mente cheia de outros pensamentos que me fazem não enxergar o tal do "a vida é bela", mas esse texto colaborou bastante para o meu sentimento de que a humanidade não tem mais jeito. Estamos apenas por aqui esperando o mundo acabar.
A história em si é absurdamente comovente. Minha vontade é sair daqui agora e ir lá dar um abraço no Heberson e dizer que vai ficar tudo bem. Acho que não ia transmitir muita convicção de que isto é verdade, mas queria apenas dizer. Ou deixar o abraço dizer.
Por outro lado, a forma como a autora colocou o coração no texto me encantou absurdamente. Eu sempre tento colocar nos meus escritos tudo aquilo que eu sinto, e, às vezes, eu sinto tanta coisa que é bem difícil transformar tudo em palavras. Ela conseguiu. E eu a invejei com a inveja boa.
A cada frase, eu me afundava mais. Esperava o ponto final para poder respirar, e nas vírgulas eu deixava escapar o soluço. Só nas vírgulas, para que o som não atrapalhasse a leitura.
Não conhecia a autora e não li (ainda) os outros posts do blog dela, mas virei fã. Quero ser como ela quando eu crescer. E me sinto na obrigação de pedir licença à ela, bem humildemente também, para me aproveitar do que ela escreveu e também dizer que eu sinto muito.
Tomar as palavras delas para mim, sem nenhuma pretensão de tirar os créditos.
Ao mesmo tempo que eu sinto medo do mundo em que vivemos, do país em que vivemos, das autoridades que nos defendem e das leis que nos protegem, eu me sinto privilegia por viver na mesma época que uma pessoa que escreve o que esta moça escreveu. Dá vontade de sair lutando, como se a vida fosse uma guerra.
E é, não é?
Uma guerra insensível, de pessoas escondidas atrás de seus computadores (sim, eu me inclui nestas pessoas), que se sentem resignadas e tristes pelos Hebersons que existem por aí, mas que cinco minutos depois precisam continuar a caminhar, ou subir no ônibus que chegou, ou tomar banho porque ainda tem serviço de casa para fazer depois das 8 horas diárias de trabalho.
Neste momento, eu preciso apenas abraçar a minha filha. E entrar no mundo dela, torcendo para que ele demore o máximo de tempo possível para se revelar inexistente.
Qualificação: 5 estrelas
Nível de recomendação: se este texto, de apenas alguns parágrafos, fosse, só ele, um livro, seria um best seller.