08 fevereiro, 2014

De esperança e de promessa

Ler um livro nunca é uma decepção. Mas é fato que ao acabar este, não senti aquela vontade de ficar olhando pro teto e pensando em mil coisas que sinto em geral. Não digo que não gostei desse. Por outro lado, também não daria de presente para ninguém.

Começa com uma moça super apaixonada e nervosa por estar vivendo a véspera do seu casamento. Vestido, maquiagem, cabeleireiro. E ela fica toda linda. Vai para o local da cerimônia, e, que legal, o noivo decide não ir. Manda em seu lugar o padrinho para dar o aviso que não se sente preparado para casar. Isso tudo no primeiro capítulo.

Aí o livro vai, até o fim, enrolando e contando como a tal moça leva sua vida após esse dia.  Nada de mais. 

Não chega a ser chato, porque a leitura é agradável. Eu o li em poucos dias, no meio de uma semana extremamente conturbada. Uma semana resumida em números: foram 3.212 páginas lidas, escritas ou revisadas, 1 emprego instável, 3 brigas de arrancar lágrimas dos olhos, 5 noites com menos de 2 horas de sono cada, 1 cliente chato, 1 trabalho entregue, 1 coração partido e 1 me deixa em paz. Declarei a semana encerrada e o livro definitivamente não me acrescentou nada.

E quanto à mim? Bom... sempre tem eu nos livros que eu leio. 

Eu não fui deixada, com um lindo vestido de noiva, na porta do altar. Mas pode-se dizer que vivi algo parecido. Eu tive um relacionamento com o cara que eu achei que era o grande amor da minha vida. Programamos tudo. Cuidamos de tudo. E então, ele deixou a vida dele e veio para a minha. 

Ficou cinco dias. E foi embora.

Desculpa. Não estou preparado.

Eu achei que ia morrer. E tive vontade de matá-lo. E senti vergonha. E não queria sair da minha casa. E senti ódio. E continuei sentindo aquele amor insuportável que eu sentia por ele. Por dias. Muitos dias. Aquelas lembranças malditas me assombrando. Aqueles planos sendo desfeitos, um a um. A comida que era a que ele gostava. O parque que era o que tínhamos ido. A música, o cheio, a roupa, o ar. Tudo. Absolutamente tudo me fazia pensar nele. E me fazia chorar. E eu odiei ter chorado tanto.

Essas coisas não passam. Nunca. Não somem com o tempo. E eu tenho certeza absoluta que nunca vou esquecer. De tudo. E de nada.

Eu sei o que a moça do livro sentiu. Experimentar a felicidade e depois vê-la indo embora, sem ter o que fazer para segurá-la ao seu lado. Impotência. 

Mas a vida continua. E as pessoas se arrependem. E tentam mudar as coisas erradas que fizeram. E até mudam, mas um vidro quebrado nunca mais volta a ser um vidro inteiro. Você pode colar todas as pecinhas no lugar certo, e fazer um trabalho lindo. Mas ele nunca vai deixar de ser um vidro quebrado.

No caso do livro, parece-me que o vidro da moça ficou quase como novo. O meu não. Eu continuo vendo, todo santo dia, as rachaduras que foram deixadas em mim. Faço um esforço descomunal para não pensar mais. Mas penso. E isso cansa.

Qualificação: 1 estrela
Nível de recomendação: não cheira nem fede.


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